Quando a Ford anunciou a saída o encerramento das suas atividades de produção no Brasil, em janeiro de 2021, o sentimento era que a Ford desaparecia do mercado.

Parte disso se deve ao fato da Ford sempre ter sido considerada uma das “4 grandes”, junto com GM, Fiat e VW, mesmo tendo somente o Ka como carro TOP10 na lista de mais vendidos nos últimos anos.

A verdade é que a Ford do Brasil ficou abandonada depois da mudança de política da matriz nos EUA, que em 2018 anunciou que pararia de fazer carros (com exceção do Mustang), concentrando seus esforços em SUVs e pickups. Sem suporte, era melhor seguir o mesmo caminho.

E a Ford seguiu. Meio que de uma hora pra outra, numa porrada só, mas seguiu.

E, se a Ford “montadora” não sabia bem o que fazer, com projetos envelhecidos e de baixo valor agregado e uma estratégia de importação no mínimo estranha com somente um SUV, na sua versão esportiva – e cara – no início (Edge ST) e depois um modelo que vai morrer e ninguém vai dar notícia (Territory), a Ford “importadora” parece ter uma estratégia mais clara, com uma linha coerente e bons produtos.


Ford Territory: mais genérico impossível

Começou com o Bronco Sport, que trouxe um SUV de verdade em uma faixa de preço que todos são para a cidade.

Continuou com a Maverick, uma pickup que não vai ser concorrente da Toro como todos previam, mas que tem qualidade e porte suficiente para crescer no seu próprio nicho, justamente acima da Toro e abaixo das pickups médias.

E vai dar seu grande passo com a nova Ranger.

A Ranger sempre foi uma pickup “honesta”. Mediana em tudo, nunca foi líder de vendas (há anos posição ocupada pela Hilux), mas nunca ficou lá atrás. A nova geração, prevista para chegar em 2022, aproveita o fato de ela ter voltado a ser vendida nos EUA na geração atual (depois de um hiato de 8 anos) e se encaixa perfeitamente entre a Maverick e a F-150 (o veículo mais vendidos nos EUA desde… muito tempo atrás).

Ford Ranger XLT 2023

Visualmente, é uma mistura da irmã maior com a menor que à primeira vista funcionou muito bem. Tem o “family face” da série de pickups sem ser uma idêntica à outra (oi Mercedes, oi Classe C, E, S).

Ford Ranger 2023 Maverick

Não foram divulgados números, mas o porte parece ter aumentado também, se encaixando bem entre Mav e 150.

Por último, o preço também vai subir. A (minha) expectativa é que as versões de topo batam nos R$350k, dando espaço para a Maverick na casa dos R$250k e também para a F-150 logo acima (que tem rumores de vir para brigar com a RAM1500).

Vai dar certo? Se eu soubesse estaria prestando consultoria para eles. Não dá pra saber com certeza, mas a Ford “importadora” parece que aprendeu e está seguindo o caminho certo: vendendo produtos de alto valor agregado, que ela tem mais experiencia em criar e que hoje o mercado mostra que quer. A estratégia parece certeira, agora é esperar para ver como será a reação do mercado.